Editorial Núcleo Memória | Outubro de 2020
Editorial de outubro 2020
A “guerra” das vacinas que se instalou no país foi a tônica dos debates deste mês que passou. Ao invés de se começar a traçar um plano coerente de vacinação, as mais altas autoridades do país se digladiaram em função da “nacionalidade” dos vários tipos de vacinas que estão ainda em fase final de testes. E o Presidente da República pessoalmente colocou-se em oposição à vacinação geral, fazendo afirmações jocosas a respeito dos vários esforços empreendidos pelas autoridades da saúde nos Estados para agilizar a finalização destes testes e a programação urgente de vacinar a população.
Isso tudo acontece quando ainda temos uma média de 400 óbitos/dia derivados da COVID-19 no Brasil, cifra que, mesmo sendo a menor que já tivemos este ano, é um número assustador que enluta as famílias brasileiras. Se olhamos para a Europa, vemos que em muitos países daquele continente estão ocorrendo as chamadas “segundas ondas”, com um aumento impressionante de casos e óbitos. Por isso, a necessidade urgente de que se tome, em nosso país, ações concretas para que não passemos em breve pela mesma situação.
Além do negacionismo no campo da saúde, também vimos este mês as disputas entre os ministérios e os vários pronunciamentos dos ministros responsáveis pelo Meio Ambiente, que não impediram o fogo intenso do Pantanal nem o desmatamento cada vez maior na região amazônica. Com isso, acentuou-se o fosso que nos separa das várias nações do mundo que advogam pela preservação do Meio Ambiente como uma forma de garantir o futuro das gerações que habitarão o planeta.
No entanto, nem todas as notícias foram ruins durante o mês: as eleições presidenciais na Bolívia e o plebiscito no Chile renovaram as esperanças de um renascimento democrático e mostraram a força que pode ter a sociedade civil quando organizada em torno da defesa dos Direitos Humanos e dos valores democráticos. Todos os que prezam e valorizam o Estado de Direito viram com satisfação esses resultados e nós, do Núcleo Memória, reverberamos em nossas redes sociais as duas notas de júbilo que os quase 70 membros da Rede Latino Americana e Caribenha de Lugares de Memória (RESLAC) assinaram.
No mês que se encerrou, continuamos com nossas atividades de modo virtual com o nosso Sábado Resistente mensal, que teve uma audiência recorde, e duas lives do projeto “Conhecendo os Lugares de Memória”. Um fato importante foi a retomada das visitas presenciais ao futuro Memorial da Luta pela Justiça, obedecendo a rígidos protocolos de segurança, com uma delegação de representantes da Associação Heinrich Plagge, formada por ex-trabalhadores da Volkswagen do Brasil que sofreram perseguições durante a Ditadura Civil-Militar por sua atuação sindical e política naquela empresa. Detalhes destas atividades podem ser encontradas neste Boletim.
Convocamos a todos/as os que nos leem, amigos e associados do Núcleo Memória, a prestigiarem nossas atividades através de nossos canais no Facebook e YouTube e, na medida do possível, a contribuir para o fortalecimento institucional de nossa entidade.